Solange espera-nos num cabeleireiro de bairro.
Solange não tem papas na língua nem precisa que ninguém lha solte.
Inesperadamente revela ser uma amante de poesia e uma voz politizada.
O que há de comum entre ofício de Solange e o do poeta?
O fazer brilhar o aqui agora. O trabalhar num reduto clandestino.
O dar forma pública à privacidade sem a devassar.
O esperar por uma revolução que descabelará os tempos vindouros.
O escutar de mil dilemas e catarses, quase segredos e quase revelações.
O cuidar de uma fracção do corpo abrindo a comporta de muitas almas alheias.
Solange faz da poesia a sua arma de arremesso e a sua lente de ver o mundo.
Solange encontra na poesia a força de se afirmar, o direito de se contradizer.
Solange encontra nas palavras das mulheres poetisas por tuguesas e brasileiras uma razão para
aprofundar o abismo de ser mulher. Solange encontra na poesia dita a energia
inaudita da palavra em busca do seu destinatário.

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Concepção \ Hugo Cruz
Criação \ Hugo Cruz e Susana Madeira
Interpretação \ Susana Madeira
Texto \ Regina Guimarães
Figurino \ Lola Sousa
Luz \ Luís Ribeiro
Fotografia e video \ Patrícia Poção
Produção \ nómada, art & public space

Classificação etária \ M16

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Agradecimentos:
Carla Neiva, IXIA Salon, Armando – Cabeleiro, Cata Vento, Ana Carolina, Hugo Ribeiro, Visões Úteis, Wilma Moutinho, PELE, Cristina Queirós, Alexandra Silva, Low Cost – Cabeleireiro, Teatro do Ferro, Suricata Design Studio e Regina Guimarães.