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CÁRCERE

UM SOLO DE VINÍCIUS DE PIEDADE

     TRILHA SONORA DE MANUEL LIMA
     TEXTO DE SAULO RIBEIRO E VINÍCIUS PIEDADE

 

Um espetáculo do Núcleo Vinícius Piedade & Cia.
 

Abril 5 2018 – 21h30

Contribuição - 5 movimentos

MIRA artes performativas

Rua Padre António Vieira, nº 68, 4300-030 Porto, Portugal

SINOPSE

 

CÁRCERE  apresenta uma semana na vida de um pianista  que estando no cárcere (PRIVADO DA LIBERDADE E DE SEU  PIANO) será refém numa rebelião iminente. Ele vive em ritmo de contagem regressiva e suas expectativas, impressões, lembranças, reflexões e sensações são expressadas por ele num diário que inicia numa segunda-feira e termina quando estoura a rebelião, um domingo.

APRESENTAÇÃO

A peça CÁRCERE é uma reflexão sobre a liberdade  através dos olhos de um pianista privado da sua liberdade e de seu piano.


Depois de tempos tentando viver de sua arte e encontrando imensas dificuldades, acaba topando o convite  de um “amigo” que lhe oferece um “bico” de venda de drogas, aproveitando o fato de ele ter contato com tanta gente nos tantos bares onde toca piano.
Estando no CÁRCERE tentando negociar com a direção do presídio a entrada de um piano para ensinar outros presos a tocar, líderes de facções criminosas acham que sua conversa com a direção é na verdade “gaguetagem” e acabam jurando-o de morte. A direção da cadeia numa tentativa precária de protege-lo, coloca-o na ALA DOS SEGUROS. O problema é que quando tem rebelião na cadeia, quem é candidato natural a refém é justamente quem está nessa ala. Quando começa a surgir um boato de que uma rebelião está na iminência de estourar, ele começa a escrever um diário. É aqui que  começa a peça.


Esse pianista apelidado “Ovo” está numa semana decisiva, pois vive nessa situação limite de se tornar  refém da tal rebelião.
A peça se passa justamente no período em que ele descobre que será refém, uma segunda-feira, até o dia em  que estoura a rebelião, um domingo. Trata-se, então, da teatralização do diário escrito por esse preso na semana em que vive uma espécie de contagem regressiva.


Suas reflexões, lembranças e razões para continuar “se equilibrando na linha tênue entre persistir e desistir”, num momento em que está “na beira do vulcão que está pra entar em erupção, na linha do trem que está vindo, na mira da bala com a arma já engatilhada”, são expressadas por um ator solo no palco, porém, em vibrante contato direto e indireto com o público.
A proposta estética da peça percorre diferentes camadas e linguagens desde o humor corrosivo de um homem em estado de sítio à momentos essencialmente corporais.   “Eu preferia tocar piano e dizer o que tenho pra dizer em ritmo e disritmia, mas como aqui não tem piano eu escrevo, mesmo sem saber  fazer poesia”.
As diferentes dinâmicas da proposta dramatúrgica  acabam se completando, caracterizando assim a proposta estética do espetáculo, nessa reflexão sobre a liberdade nossa de cada dia. Não se busca explicá-la e sim provocar uma reflexão sobre o que ela é pra cada um.


Através de uma linguagem acessível por ser visceral, a peça CÁRCERE traz à cena diferentes camadas de profundidade que visam proporcionar ao público um mergulho em diferentes perspectivas de ser e estar preso. Ou livre.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ACONTECIMENTOS NAS PRISÕES BRASILEIRAS EM 2017

Na peça CÁRCERE que estamos circulando a algum tempo pelo mundo e que coloca as veias abertas do sistema prisional (dessa América Latina) em pauta, contamos a história de um preso (pianista) que é jurado de morte e vai para Ala dos Seguros. Quando ele fica sabendo que terá uma rebelião percebe que começa uma contagem regressiva em sua vida. Ele é um preso de baixíssima periculosidade (tráfico de drogas pequena quantidade) e está "provisoriamente" preso até o julgamento. Essas prisões "provisórias" que deveriam durar até 30 dias e que se arrastam por meses e em muitos casos anos, representam mais de 40% dos encarcerados. A maioria desses "provisórios" são absolvidos depois do julgamento. A questão é o que acontece com eles nesse período. Grandes chances de serem cooptados pelo crime organizado (faculdade do crime) ou jurados de morte (como no caso). Questões como essa que só entram em pauta em tempos de massacres e chacinas estão se tornando rotineiras. Mas em função dessa obra temos levado essa discussão pra todos os cantos. É claro que o tema é tratado também com muito humor e poesia através do diário desse personagem que coloca sua vida em perspectiva. A reflexão sobre LIBERDADE acaba sendo pertinente a todos e qualquer um, por isso a obra sempre tem grande reverberação no público. Mas a denúncia da falência do sistema prisional ecoa com força quando a única possibilidade de uma real mudança nesse estado de coisas é colocado em pauta: RESSOCIALIZAÇÃO.
 

CONCEPÇÃO E PARCERIAS

 

Depois de percorrer alguns presídios do estado do Espírito Santo apresentando o espetáculo solo CARTA DE UM PIRATA (há oito anos em turnê), Vinícius Piedade propôs ao dramaturgo Saulo Ribeiro uma peça que refletisse sobre a liberdade através dos olhos de um pianista privado da sua. E privado também de sua arte, do seu piano.


Na criação do texto o co-autor Saulo Ribeiro se baseou em acontecimentos reais dos quais teve conhecimento e vivência na época em que foi professor no sistema prisional (na cadeia).


Foi Saulo quem levou Vinícius Piedade aos presídios do Espírito Santo para se apresentar. Nessa busca de encontrar


o público onde quer que esteja, a peça foi apresentada em Presídios de Seguros, Presídios de Segurança Média, Presídios Feminino e Presídios de Reabilitação. Depois dessas apresentações, desse encontro do artista e sua peça com esse público em situação limite, o ator quis expressar e investigar a liberdade. E escolheu para isso falar de um preso em situação limite.


Sua busca, que a princípio era simplesmente realizar a peça nesse contexto, por julgar o teatro uma arte humanizante, passou a ser investigar artisticamente essa questão. E para isso contou com a arte de Saulo Ribeiro, historiador, escritor, advogado e ex-professor no sistema prisional. O processo de escrita da peça ocorreu há quatro mãos, numa parceria entre Ribeiro e Piedade.


O pianista Manuel Pessôa também foi um parceiro decisivo nessa construção, sendo responsável pela criação musical que permeia toda a peça. Em determinadas ocasiões, Manuel Pessôa executa a trilha ao vivo com o piano.


A relação do ator com a trilha sonora é muito intensa, já que a música entra como um fator decisivo na estética de impacto. O fato de o preso ser pianista intensifica mais ainda a presença da música, que passeia em diferentes intensidades em consonância com os momentos vividos pelo preso.
 


NÚCLEO VINÍCIUS PIEDADE & CIA


 O Núcleo Vinícius Piedade & CIA. é uma plataforma de criação artística dos espetáculos de Vinícius Piedade. 
Com os espetáculos solo em repertório, Vinícius Piedade tem sido dos artistas brasileiros que mais circulam com obras teatrais pelo mundo, tendo apresentado em dez países de cinco continentes nos últimos cinco anos.
Os espetáculos do Núcleo são resultado de pesquisa e desenvolvimento individual, porém, sempre contando com colaboradores fundamentais. 


A principal proposta dos espetáculos é aprofundar o mergulho na existência humana por meio de personagens em situações limites. Condensam na interpretação a mistura de diversos estilos teatrais, indo da improvisação livre aos movimentos inspirados na dança contemporânea; da comédia inconformada as partituras de mímica. Os trabalhos visam levar o público a navegar nas peças como co-autores da realização teatral. 


Atualmente dentro do repertório do Núcleo Vinícius Piedade & CIA constam quatro espetáculos solo: CARTA DE UM PIRATA (criado em 2003), CÁRCERE (criado em 2008), INDIZÍVEL (criado em 2008) e IDENTIDADE (...) (criado em 2012). Também faz parte do repertório o duo 4 ESTAÇÕES (2013) com a atriz Gabriela Veiga. Outra criação do Núcleo foi o espetáculo DIAS DE ANESTESIA que estreou e fez temporada em São Paulo no ano de 2006. 
Na base dos projetos do Núcleo Vinícius Piedade & CIA. está a concepção de uma arte popular entendida como uma arte acessível a todos, sem procurar ser destinada a um público específico. 


Combinam os mais diversos elementos: a música, a literatura, a mímica e o teatro em suas várias acepções: erudito e popular. Primam por tornar a arte simples, sem perder o caráter poético e a erudição, apostando também na sensibilização dos espectadores. Atrelando a concepção dos espetáculos ao processo de difusão cultural, os trabalhos se estruturam sobre a questão de como democratizar o acesso à arte. Sendo assim, a democratização faz parte dos processos de cada espetáculo. E isso se dá de diversas formas, seja através de apresentações em contextos físicos e sociais diversos e adversos, seja através das parcerias que sempre são feitas por todo o mundo na viabilização do acontecimento teatral. 


Já foram feitas centenas de apresentações nos locais mais diversos possíveis, desde grandes teatros municipais com toda estrutura de som e luz, a teatros improvisados na floresta amazônica; desde auditórios de universidades, a pátios de penitenciárias; desde turnês por SESC ́s de capitais, a turnês independentes pelo interior. 


Os espetáculos do Núcleo já foram apresentados em diversos países. No continente asiático o espetáculo CÁRCERE aconteceu na China. Na Europa os trabalhos aconteceram na Alemanha (Berlin, Munique e Stuttgart), na Suíça (Berna e Zurique), na França (Paris), na Espanha (Barcelona e Madrid), em Portugal (Lisboa, Porto, Ilha da Madeira, Estarreja, Setúbal e Sesimbra). Na América do Norte nos Estados Unidos (Nova York); na África em Cabo Verde (Mindelo); e na América Latina na Bolívia (Cochabamba). No Brasil em todas as regiões do país, em cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Ceará, Piauí, Goiás, Rondônia, Amazonas e Acre. 

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA


Classificação: Teatro
Data da criação:  
Duração: 75 min. 
Faixa etária: M/12 

Direção, iluminação e atuação - Vinícius Piedade
Texto - Saulo Ribeiro e Vinícius Piedade
Trilha Sonora - Manuel Pessôa Concepção visual: Márcio Baptista Figurino:  Cynthia Guedes
Fotos - Valmir de Lara

 

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