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Este evento já decorreu

NA SOLIDÃO

DOS CAMPOS DE ALGODÃO

de Tales Frey

7 Abril, 2014 - 21h30

Entrada livre

MIRA artes performativas

Rua Padre António Vieira, nº 68, 4300-030 Porto, Portugal

Aconteceu na 2ªfeira, dia 7 de abril 2014, num armazém da rua de Miraflor ‘Na Solidão dos Campos de Algodão’ de Bernard-Marie Koltès. Em 3 sessões, Nuno M Cardoso e Nuno Cardoso, dois corpos em diálogo, contaram-se na escuridão do lugar.
A rua encheu-se de gente, até tarde na noite e foi muito bom.
‘Na Solidão dos Campos de Algodão’ de Bernard-Marie Koltès
“Se andas cá fora, a esta hora e neste lugar, é porque desejas qualquer coisa que não tens, e essa coisa, eu posso-ta fornecer…”
Um deal é uma transação comercial de valores proibidos ou estritamente controlados, e que se efetua, em espaços neutros, indefinidos, e não previstos para este fim, entre fornecedores e solicitadores importunos, através de acordos tácitos, sinais convencionados ou conversas com duplo sentido – a fim de evitar traições ou vigarices que uma operação destas poderá implicar – , a não importa que hora do dia ou da noite, independentemente das horas de abertura regulamentar dos locais de comércio homologados, mas geralmente durante as horas de encerramento desses.
Em 1999 Nuno M Cardoso e Nuno Cardoso cruzavam-se pela primeira vez em cena com este texto. 15 anos depois reavivam as razões que os fazem continuar a lutar.
No grau zero da criação. Sem artifícios, sem efeitos, dois corpos em diálogo, em luta, no desafio da troca. Sem comércio, apenas o desejo de continuar.
Dois homens abordam-se sem se conhecer: ‘Diz-me o que queres e eu vendo-te’, diz o primeiro, e o outro responde: ‘ diz-me o que tens e eu digo-te o que quero’. É o ‘deal’ sobre todas as formas. Todas as formas de ‘deal’ que a vida propõe, a verdade das relações entre os homens. Aqui, dois homens orgulhosos e provocadores: um ‘dealer’ que nunca dirá o que propõe – talvez porque é ele que está em falta – e um cliente que exigirá sempre que o outro adivinhe o que ele quer – talvez porque já não sabe como se faz para pedir. Aquilo que não podemos dizer e o que não vamos fazer. Nunca se deve presentear a sua fraqueza ao outro. Uma tentativa louca e tenaz, a descoberta que se é pobre, pobre de desejo. Todas as feridas que podemos fazer ao desejo do outro e todo o sofrimento que se descobre e que ao mesmo tempo se recusa. De uma parte e de outra um igual amor próprio, um mal entendido doloroso, que termina de forma brutal. O excesso de desejo e a ausência dele. A angústia e mais uma vez, a solidão. Como se todas as formas de relacionamento entre dois seres humanos se conjugassem. O confronto, a ameaça, o desejo, a indiferença, o ódio, o amor…

 

Bernard-Marie Koltès nasceu em Metz a 9 de Abril de 1948. Com um percurso escolar não muito promissor deixa-se seduzir pelos clássicos teatrais e pelo cinema, tanto norte americano, como italiano. As viagens que fez a Nova-Iorque, à América Latina e a África influenciaram e inspiraram o autor em muitos dos seus textos. Aos 23 anos orienta finalmente o seu trabalho para a escrita e encenação teatral. Desde então projeta as suas personagens em cruzamentos de caminhos onde, quais heróis da Idade Média, elas vão lançar desafios umas às outras e improvisar imaginários face a face. No teatro deste grande poeta da cena teatral, é explícita uma inadequação entre a forma dramática clássica – onde os elementos se interligam numa relação de causa-efeito de forma a atingir um todo carregado de sentido – e a opacidade do Mundo e do Homem contemporâneos. No entanto, após obras tão perturbantes como ‘Combate de Negro e Cães’, ‘Cais Oeste’, ‘Na Solidão dos Campos de Algodão’ e ‘Roberto Zucco’, Bernard-Marie Koltès morre de sida a 15 de Abril de 1989.

 

Depois de apresentações fechadas em ensaios abertos em agosto e setembro de 2013 e março de 2014, finalmente é apresentada uma pequena maratona pública no dia 7 de abril às 21h. 22h. 23h… no Espaço MIRA.
 

direção: Nuno M Cardoso
interpretação: Nuno Cardoso, Nuno M Cardoso
produção: Pedro Barbosa
fotografia: Inês d’Orey
agradecimentos: Espaço MIRA, Catarina Braga Araújo, Panmixia, Sara Augusto

coprodução: CÃO DANADO, AO CABO TEATRO estruturas financiadas pela DGArtes – Secretário de Estado

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